quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Despedida. =//

Acabei de pegar o trem para Strasbourg. Até hoje fico impressionada com a pontualidade dos metrôs europeus! Bom, pelo menos nos que eu já estive, porque até agora não sofri tanto com atrasos.

Agora são 14h33 e escrevo do trem. Parei um pouco só pra ajudar um senhor a limpar a sujeira que ele acabou de fazer aqui dentro. Tadinho, ele trouxe comida pra comer na viagem e quando abriu o potinho de plástico com aqueles tomates bem redondinhos e pequeninhos, que vinha junto com umas bolinhas de queijo de búfala, o trem virou e o pote caiu no chão com tudo.

Ainda bem que ele não tinha aberto a garrafa de coca light ainda, se não teria derramado também, tendo em vista que ela caiu no chão. A sorte é que o potinho de plástico era só o aperitivo, porque depois ele tirou um baita sanduíche da bolsa. Sabe aquelas baguetes típicas francesas, com queijo de cabra, tomate e alface? Pois é, é isso mesmo o que ele está comendo agora enquanto escrevo.

Eu não estou sentada no lugar em que deveria, porque tem muita gente aqui no vagão, mas uma área dele, mais reservada, ficou vaga, então vim pra cá com minhas malas, porque não tinha mais espaço para elas no porta-malas.

Parece que todo mundo entendeu minha tática, porque fiquei em pé até o trem fechar as portas, assim poderia sentar numa cadeira que não tinha vaga. Foi só eu fazer isso que surgiram mais 5 pessoas. Ainda bem que aqui tem cadeira até dizer chega.

Como fiquei em pé e estava em frente à porta por onde os passageiros entravam, acabei “conhecendo” uma senhora, que estava com duas malas e não conseguia levantá-las, então fui ajudá-la e, por isso, acabei conversando com ela um pouco, o que me ajudou a esquecer por alguns instantes que a mamãe já não estava mais aqui comigo. Isso me fez bem.

O senhor acabou de levantar pra ir tomar café e pediu pra que eu vigiasse as coisas dele. Acho que a coca de 600 ml e o baguete não devem ter sido suficientes... hehe Ele é tão lindo! Bem gordinho, cabelo super branco e já é um senhor de idade mesmo.

Ontem fiquei acordada até tarde, porque não conseguia dormir, mas coloquei o despertador pra tocar mais tarde, às 9h. Só que não adiantou muito, porque às 7h já estava de pé. É difícil dormir quando estamos ansiosos ou um pouco tristes, como é o meu caso, pois sabia que teria que me despedir da mamãe hoje na hora do almoço.

Terminamos de arrumar todas as nossas malas hoje de manhã e entre esse tempo, descemos para tomar o café da manhã. Até lá tentei não ficar pensando na despedida, mas quando comecei a comer, não consegui segurar o choro, porque sabia que era nosso último café-da-manhã juntas esse ano.

Não quero parecer dramática, mas a gente começa a morar longe de casa tão cedo e passa tanto tempo sem ver nossos pais, que mesmo depois de já estarmos acostumados a ter nossa vidinha, quando os vemos novamente, mesmo que por alguns dias, nos lembramos do quanto é bom abraço de mãe, cuidado de pai e de quão especial é poder compartilhar momentos tão maravilhosos com pessoas que nós amamos verdadeiramente.

Bom, do café da manhã subimos novamente e continuamos a batalha com as malas. Tudo terminado, nos restou alguns minutos antes de fazermos o check-out, então aproveitamos para conversar e fizemos uma lista das coisas que devo preparar quando chegar ao restaurante, que inclui trabalho, família, alimentação... Mamãe me ajudou a listar todas essas atividades e isso vai me dar uma força extra pra conseguir cumprir todas as minhas metas.

Faltando pouco menos de 10 minutos para descer, nos sentamos na cama e oramos juntas. Que bom é poder orar com minha mãe e falarmos juntas com nosso Deus! Eu admiro muito a minha mãe pela mulher que ela se tornou e sei que isso foi conseqüência da sua busca incessante por seguir a Cristo e imitá-lo. Sei que devo fazer a mesma coisa, assim como Paulo fez e nos aconselhou a fazer, ao dizer que era um imitador de Cristo.

O check-out era às 12h, então descemos, entregamos a chave e ficamos esperando o transfer da mamãe chegar ao hotel. Nós fomos com motoristas diferentes, porque esse cobrava mais barato que os outros para ir ao aeroporto, já que ele levava outras pessoas para lá também.

Assim que ele chegou, expliquei que ela deveria ser deixada no Terminal 1, onde tem a TAM, e de frente para o portão 24. Disse logo também que ela não falava nada de inglês e nem francês, dessa forma ele teria um cuidado maior com ela.

E foi assim que nos despedimos, atrás do carro, depois que colocamos as malas dela na van. Como queria poder abraçar a mamãe de novo! Ela está no aeroporto agora, enquanto eu estou aqui no trem, já com saudades e querendo pegar o avião para voltar ao Brasil e rever também o papai!

Mas tudo bem, três meses passam rápido, não? E é só mais esse tempo que tenho aqui. Sei que vai dar tudo certo, que essa saudade está mais forte hoje, já que acabamos de nos despedir, mas amanhã já estarei melhor.

Sei que Deus vai me ajudar nessa última etapa e vou conseguir fazer um trabalho melhor no hotel, porque sei que não tenho dado o melhor de mim, apesar de estar me esforçando.

O meu maior medo era o tempo não passar rápido na Gare de L’Est, em Paris, onde pegaria o trem para Strasbourg, porque não estava com muita vontade de ler e tampouco usar o note. Como estava chorando, coloquei meus óculos escuros, assim ninguém via. Ainda bem que fui esperta e não coloquei maquiagem!

Deus, na sua infinita bondade, como de costume, me fez sentar em um banco que não tinha ninguém no momento, mas que minutos depois foi preenchido por um casal britânico super amável que começou a me fazer perguntas sobre o metrô e como tudo funcionava lá: validação de tíquetes, vagões, portões... Isso também me ajudou a ficar mais tranqüila e a não pensar tanto na despedida.

E no trem, Deus colocou esse senhor super fofo que derrubou os tomates no chão. Ele está sentado de frente pra mim (pena que ainda não voltou do café). Só em ter recebido o sorriso dele quando juntei os tomates e quando ele me pediu para vigiar as coisas dele, meu dia já melhorou em progressão geométrica também!

Olha só, né... Primeiro o casal britânico, depois a senhora com as malas e agora esse senhor com os tomates e o café. E todos eram senhores de idade, do jeito que eu adoro! Como Deus é maravilhoso comigo! Até pessoas desconhecidas são postas no meu caminho para melhorar o dia.

Bah, foi só falar nele (no senhor do trem) que ele chegou com um café “à emporter”. O cheiro tá maravilhoso, mas nem o cheiro da bebida me abre o apetite no momento, como geralmente ocorre.

Bom... São 15h13 agora. O trem só chega às 16h40 ou 16h50 em Strasbourg, não lembro exatamente o horário. Vou ver se coloco uma música e leio um pouco o livro que comprei sobre Da Vinci na casa dele.

Um comentário:

  1. Lindona, fui chorando no carro com todas aquelas pessoas, mas fui esperta e coloquei o óculos escuros, como você fez. No aeroporto fui até a Tam, peguei a informação de que o check-in seria em outro local. Fiquei dando umas voltas para ter certeza de que seria lá mesmo e acabei encontrando um jovem casal de São Paulo que foram uns amores e ficamos juntos até fazer o check-in. Depois arrumei outro jovem que iria no mesmo avião que o meu e fiquei de plantão até a hora do embarque. Foi tudo tranquilo, só com saudade de ti, minha bonequinha linda! Te amo muito! Deus te abençoe!

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