terça-feira, 1 de novembro de 2011

É cada uma que me acontece...

Faz um século que não escrevo no blog e o pior é que tinha um monte de coisa pra contar. Vamos por partes.

No domingo do dia 23 de outubro teve room service no hotel. Quando isso acontece, sempre fico por lá esperando que os clientes terminem de comer, para pegar os pratos, talheres e copos, colocá-los numa caixa de isopor preta e trazê-la ao restaurante.

Fico por lá porque nós temos recepção apenas até 21h, então se alguém quer jantar algo, eu espero na sala, o que não é um problema, já que sempre fico fazendo alguma coisa, como meu sudoku.

Anyways, esse room service era para duas “crianças”, uma era realmente pequena, devia ter uns 9 anos, o outro, 16, por aí.

O Salim tinha subido as tartines que eles comeriam, depois foi embora (ele mora em Strasbourg e vem e volta pra lá todos os dias. Haja pique!). Eu fiquei por lá, esperando a hora em que eles tirariam a mesa para que eu levasse a sobremesa, uma tarte au chocolate deliciosa feita pelo chef Nicolas.

Anyways, quando bati na porta, quem atendeu foi o mais novo. Não sei se já expliquei aqui alguma vez, mas para chegar até o quarto do apartamento, passamos pelo toilete e pela sala de banho (aqui na França, o vaso sanitário não fica na mesma parte que o chuveiro).

Quando entro no apt. carregando a bandeja e passo do lado da sala de banho (que não tem porta e é largamente aberta), vejo um vulto. A minha reação, assim como a de qualquer pessoa, foi olhar para o lado. Adivinha? O guri mais velho tava lá na banheira, sem espuma nem nada, no maior relax. Nunca fui andando tão rápido em direção a um quarto como fiz naquele dia, morrendo de vergonha, claro.

Como é que um cliente, sabendo que alguém vai subir pra levar comida, fica lá na banheira, todo nu e ainda nos deixa entrar? Geralmente quando tem alguém no banho, um dos hóspedes pede até pra levar a bandeja, sabe...

Mas o pior não foi isso, quando fui pro quarto, perguntei morrendo de vergonha onde poderia deixar a bandeja, daí o mais novo me responde, na maior naturalidade “na verdade, a torta é só pro meu irmão”.

E pronto. Ele falou desse jeito, como quem diz: “Tu deixa ali no banheiro”. Ai, por favor, né? Eu olhei pra ele como quem diz “Tá, e tu quer que eu faça o quê? Entre na sala de banho, onde tem um cliente NU e deixe a bandeja do lado dele???”.

Nessas horas eu adoro ser estrangeira, porque finjo que não consigo me comunicar muito bem, daí ele tentou falar em inglês comigo. Mas como ele tinha entendido o meu olhar de quem não vai de jeito nenhum chegar perto do outro menino, ele falou numa mistureba das boas (francês e inglês), que ele mesmo levaria o prato para o irmão dele. Mas isso era algo ÓBVIO, né?

O engraçado é que ele foi super simpático comigo, achando que tava me fazendo um favor. Ai, ai, ai... Mesmo se ele não tivesse se oferecido, imagina se eu ia levar a bandeja até lá! O pior é que no outro dia eles tavam tomando café-da-manhã com a família e me reconheceram, ainda me mandaram tchauzinho da mesa deles. Haha

Tá, saí do quarto correndo, olhando reto o tempo todo. Desci, fiquei fazendo meu sudoku e esperei que desse uns 20 minutos para bater na porta e pegar os pratos restantes (os da sobremesa).

Quem atendeu foi o menino de 16 anos, já de roupão (ainda bem, né? Nu que ele não ia abrir aquela bendita porta!) e me entregou os pratos todo simpático, como se nada tivesse acontecido. Sim, isso é a França!

Depois, quando eu tava entrando no elevador, ele falou “Merci! Bon soiré!” (Obrigado, boa noite!). Eu, com um sorriso meio encabulado, dei boa noite pra ele também.

No outro dia, o assunto foi esse no nosso almoço. Não parávamos de rir da história!

Um comentário:

  1. Que menino folgado! Lembrei do filme com a Jennifer Lopes, aquele que ela é camareira, lembra? Te amo, princesa!!

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