domingo, 13 de março de 2011

Indo para Niederbronn - Parte I

O texto a seguir foi escrito às 13h15, dentro do trem que nos levou a Strasbourg.


Fizemos o check-out do hotel hoje às 11h30 e fomos direto para a Gare de L’est, de onde saiu nosso trem para Niederbronn. Na verdade, o trem para em Strasbourg e de lá nós pegamos outro para Niederbronn. Enfim, saímos de Paris hoje às 12h24 em ponto.

Agora bate aquela ansiedade ainda maior e um pouco de nervosismo por saber que hoje chego no meu local de trabalho. Estou contanto as horas pra chegar logo lá e saber o que vamos fazer, quais serão nossos horários e obrigações... Fiquei sabendo que alguém do hotel vai conosco ao banco para criarmos uma conta, só não sei dizer se isso será hoje ou amanhã. Justamente por isso também não tenho o dia certo que começaremos nosso estágio: se já amanhã ou no dia 17 (já que o hotel não abre nos dias de terça e quarta).

Assim que chegamos na Gare, fomos direto procurar o trem que saía para Strasbourg, mas lá ainda não tinha o portão de onde ele sairia, então perguntamos para o Centro de Informações da Gare e a senhora disse que eles só informam o portão faltando 10 minutos para a partida – e ainda era 10h45.

A Luci queria ver uns perfumes, então entramos numa loja para que ela pudesse escolher algum, mas ela resolveu esperar mais um pouco para comprar, porque poderia acabar encontrando um com uma fragrância que gostasse ainda mais. O primeiro que provamos foi o melhor, ele era mais doce, até, mas igualmente forte. Não era um cheiro forte extremo a ponto de dar uma dor de cabeça, mas ainda não abro mão de um hidratante. Perfume sempre me deixa espirrando, além de secar muito minha pele.

Se bem que no metrô a gente sempre passava por umas pessoas que tinham um cheirinho delicioso, como se fosse colônia de flores. Eles geralmente eram fortes, mas um forte suave. Tipo, dá pra você sentir o cheiro de longe, mas o cheiro era suave. Anyways, não sei explicar, só sentindo pra saber.

Assim como tinham essas pessoas com cheirinho maravilhoso, também tinham as que portavam um “perfume” natural, digamos assim, de fazer qualquer um preferir morrer asfixiado a sentir o odor... Teve um dia na sexta-feira (que me esqueci de relatar aqui) que um rapaz despiu sua jaqueta até os cotovelos e usava por baixo uma blusa regata, mas com alças grossas, e abanava as axilas com as mãos.

Poxa vida, queria muito ter ido em direção a ele e dito que ficar tentando jogar ventinho ali não ajudaria em nada a situação. Só não fiz isso porque primeiro eu não queria levar esporro em francês na frente de todo mundo, principalmente sem entender nada; segundo, vai que eu levava de brinde uma bela mãozada na cara, fora os gritos, né?; e terceiro, eu tenho amor à minha vida e não queria morrer por passar tanto tempo prendendo minha respiração – já bastava ter que ficar respirando pelo boca até o trem chegar.

Meu nariz ainda não criou anticorpos suficientes para o péssimo odor de algumas pessoas aqui. Mas, acredite, exageram muito quando falam dos franceses. Vim pra cá com uma imagem não muito boa deles, porque muita gente diz que são mal educados, frios, berram na nossa cara se falarmos em inglês, dentre várias outras coisas, mas fui surpreendida com tudo o que vi quando cheguei aqui. Os franceses são lindos, educados, super simpáticos e prestativos, e só senti odor em três pessoas no metrô, algo que se encontra facilmente no Brasil também.

Pois bem, voltando à Gare e à nossa viagem a Strasbourg (tenho a ligeira impressão de que fugi um pouquinho do tema ali em cima hehe). O tempo passou super rápido e num instante deu 12h14. Os franceses são super pontuais (outro ponto a favor deles), exatamente 10 minutos antes da nossa partida, apareceu o portão por onde deveríamos entrar, o 6.

Chegando no vagão, a gente quase surtou, porque cada uma tá levando duas malas e uma mochila, mas lá não parecia ter espaço algum para pormos as malas, apenas nossas duas cadeiras. Anyways, carregamos todo aquele peso pra dentro do trem, foi quando encontramos um pequeno bagageiro logo na porta do nosso vagão (e nossas cadeiras, a 63 e a 64, também fica bem na porta). O único problema é que já tinha um bocadinho de malas.

Nós passamos alguns minutos, uns cinco, mais ou menos, subindo e descendo mala, empurrando uma e tentando colocar outra, mas elas sempre caíam. Eu comecei a rir, porque a cena de nós duas se escorando na mala fazendo força pra ela entrar no bagageiro devia ser divertidíssima para os que apenas assistiam ao show de horror.

Um cidadão muito distinto, vendo nosso esforço pra guardar as malas e percebendo que não éramos de lá, pegou nossas malas e organizou tudo pra nós. Ele chegou falando em inglês com a gente e oferecendo ajuda. Acho que o pessoal no vagão já devia estar aguniado comigo e Luci abrindo e fechando a porta do vagão pra transportar as malas que estavam lá para o bagageiro, que fica na porta do vagão, mas do lado de fora.

Assim que sentei aqui na minha cadeira, já fui tirando o casaco, que nem a Luci, porque fizemos tanto esforço que suamos. Bom que já dá pra queimar algumas calorias, né? Hehe

Luci tá aqui do meu lado, por sinal, ouvindo música e lendo um livro em inglês chamado French Lessons, de Peter Mayle. O livro fala sobre a cultura francesa, as comidas e coisas assim. Enquanto isso eu fico aqui escrevendo, ouvindo músicas que cantam muito lá na minha igreja e orando a Deus para que tudo dê certo nesse estágio.

É a primeira vez que saio de casa para passar um tempo tão prolongado sem ser pra estudar, mas trabalhar. Fora os estágios que fiz na Castelli, não trabalhei em nenhum outro local, a não ser no posto do papai e, mesmo assim, não foram muitas vezes, apenas alguns dias.

Nunca trabalhei num hotel e restaurante de luxo como esse e fico pedindo a Deus para que não cometa nenhum erro grave, para que eu entenda direitinho o que meus colegas de trabalho e o chef falarem e para que eu permaneça fiel na fé, sem manchar o evangelho ao agir de forma imatura ou egocêntrica.

Tenho colocado minha vida diante de Deus diariamente e pedido para que Ele me afaste de todo o mal. Sei que meus dias serão como os de Davi em Salmos: uns mais difíceis, outros, nem tanto; uns mais eufóricos, outros mais calmos.

O que me tranqüiliza é saber que não importa o que aconteça, por mais que eu sinta vontade de chorar de saudade, raiva ou tristeza em algum momento do estágio, sei que vou poder contar com alguém que está do meu lado sempre, inclusive agora enquanto escrevo: Deus.

E tudo o que eu faço todas as manhãs, todas as noites e em qualquer outra momento em que fecho os olhos e converso com Deus, é fazer como Davi: rogar para que Ele me proteja de todo mal e não me desampare.

“Faze-me saber os teus caminhos, SENHOR; ensina-me as tuas veredas.
Guia-me na tua verdade, e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação; por ti estou esperando todo o dia.
Lembra-te, SENHOR, das tuas misericórdias e das tuas benignidades, porque são desde a eternidade.” Salmo 25: 4-6

3 comentários:

  1. Embora estivesse agitada, não havia chorado desde seu embarque em SP, mas lendo seu texto, não pude evitar. O que mais desejo nesse ano, é que sua fé seja fortalecida de modo tal, que obedecer a Deus e a sua Palavra seja seu maior prazer, mesmo quando seja contrariada em suas vontades. Te amo, minha linda!

    ResponderExcluir
  2. Saroca, fiquei só imaginando a cena: você e a luci empurrando as malas! Você tinha que ter posto sua camêra no tripé pra filmar! HAHAHAHAHA
    Estou adorando ler seu blog! Aproveite!! Beijos!!

    ResponderExcluir
  3. hahaha, Sara eu sempre rio nos teus textos. Pq eu fico imaginando tu contando isso ao invés de escrever e é engraçado!

    Esse cara de regata que tirou um pouquinho a jaqueta para se abanar, ECA. que nojinho! Eu ia olhar com cara feia pra ele, que ele ia sentir vergonha ao invés de xingar. hahahhaha

    Enfim, te desejo tudo de bom no estágio. E não te preocupa, os chefes sempre vão xingar e o que temos que fazer é baixar a cabeça, não adianta. Por mais que a raiva fale mais alto, mas nesses momentos tu pensa, eu tô aqui pra ser mandada e aprender. No final as coisas compensam; pelo menos assim eu espero que seja. hahahaha

    Fica com Deus amiga, e boa sorte aí! Assim como tu, estou torcendo por ti! Beijinhos Dé.

    ResponderExcluir