domingo, 5 de junho de 2011

E a semana continua!

Texto escrito no dia 04 de junho.

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Ontem à noite tivemos 57 couverts, sendo 23 deles de uma só reserva, porque era um banquete. Aqui no restaurante temos três salões, um grande e dois médios, mais ou menos do mesmo tamanho.

O banquete para as 23 pessoas ocorreu no salão pequeno. Assim que cheguei aqui no restaurante pra começar o serviço, às 18h30, todas as mesas do salão pequeno estavam devidamente arrumadas, já com todas as taças que seriam utilizadas por cada pessoa.

Normalmente isso não acontece, já que esperamos o cliente chegar e escolher o que ele vai tomar para, assim, trazer as taças no momento de cada bebida.

No caso do banquete, já sabíamos as bebidas que seriam servidas, assim como os pratos, por isso tudo já estava organizado.

O banquete não aderiu a um menu do restaurante, eles pegaram pratos do restaurante e montaram o próprio menu de acordo com o próprio gosto, eu acho.

O serviço foi excelente, graças a Deus! Fiquei até mais tarde trabalhando, cheguei em casa mais de 1h30, fui direto tomar meu banho; às 2h já estava na cama, agradecendo a Deus pelo dia e feliz por ter ocorrido tudo bem!

Hoje de manhã comecei o serviço às 11h. Já sabia que nenhum dos dois turnos seriam moleza, já que teríamos várias pessoas para atender tanto no almoço quanto no jantar, mas ocorreu tudo bem, graças a Deus!

A correria foi grande e os momentos de pico sempre me deixam mais agitada. Tem vezes que fica meio difícil entender o francês, porque as pessoas falam muito rápido e de vez em quando misturam o idioma com o alsaciano, aí eu fico perturbadinha, na dúvida sobre o que é pra fazer ou não... hehe É engraçado, até.

Quando terminou a primeira parte do trabalho – fiquei até 16h30 –, vim direto pra casa pra ligar pros papis, torcendo para que eles ainda estivessem no posto. Ainda bem que estavam! Assim que ouvi a voz da mamãe, comecei a chorar. O fato de sentir saudade ajuda, mas foi mais por uma cena que presenciei hoje de manhã, no serviço, e me lembrou muito meus pais.

O que aconteceu foi o seguinte: tinha uma mesa reservada para oito pessoas (a mesa cinco). Quando eles chegaram, eram todos idosos, cada um mais lindo que o outro! E super simpáticos, com aquele sorriso acolhedor que praticamente todo idoso tem.

Anyways, pelo que me pareceu, era uma família. O patriarca chegou usando uma bengala, coisa mais linda! Andava meio devagar, mas chegou até a mesa sem problema nenhum. Das oito pessoas, sete estavam ao redor da mesa e ficaram em pé, enquanto o senhor dizia onde cada um deveria se sentar, o que achei ainda mais fofo! Ele tinha as mãos grandes e ficava apontando pras cadeiras e dizendo o nome de quem sentava em cada qual.

A cadeira do lado dele estava ainda vazia e eu não sabia de quem era. Depois que puxamos todas as cadeiras para que os clientes se sentassem, esperamos que a outra pessoa chegasse. Bom, todos sentaram, menos o senhor, que continuou em pé, sem a bengala, esperando o cliente chegar.

Quando olho para trás, vejo uma senhora chegando. Não sei o motivo de ela ter demorado, acho que deve ter ficado no salão olhando a adega do restaurante. Enfim, quando olho para trás, vejo uma senhora chegando.

Ela passa por nós e a expressão de alegria do senhor ao vê-la me deixa com os olhos cheios de lágrima. Pra completar, quando o Patrick foi puxar a cadeira para que ela se sentasse, o senhor foi mais ágil, porque queria puxar a cadeira pra esposa.

Eu não agüentei e fui até a cozinha enxugar bem rápido minhas lágrimas. É realmente lindo presenciar uma cena dessas. O que o amor não é capaz de fazer? Aquele senhor, já fragilizado, puxou a cadeira do restaurante, que não é nada leve, para que a esposa dele sentasse. Deu pra perceber que ele sentiu certa dificuldade, mas, mesmo assim, fez o esforço de puxar a cadeira pra esposa. Um senhor que já usa bengala, que não tem mais a força física de antes... Nessas horas a gente vê que nem todos perderam o romantismo e que o cavalheirismo ainda é apreciado por algumas pessoas.

Quantos casais, depois de dois anos casados (ou nem mesmo isso, mas com apenas meses de namoro), já perdem todo o romantismo e o amor que existia entre eles...

Esse casal me fez realmente feliz, me fez lembrar meus pais e imaginar como será no futuro. Espero que papai continue tratando minha mãe por “princesa” e “boneca”, dizendo que não conseguiria viver sem ela (como ele me falou por e-mail quando estava nos EUA) e dizendo “eu te amo” todos os dias!

O serviço de noite também foi bem bom. Apesar de ter sido mais puxado, tudo aconteceu nos conformes e eu terminei meu trabalho um pouco depois da meia noite. Fui no quarto da Luci pegar minhas coisas, conversei um pedacinho com ela e vim pra casa.

Agora é 1h30 da matina, o trabalho recomeça amanhã às 11h. Que Deus continue abençoando meu serviço!

4 comentários:

  1. Que lindo... enquanto lia seu texto, fiquei imaginando a cena e até sonhei um pouco! Hehe...
    Muito bom sentir que você está melhor, conte sempre comigo!

    Uma semana cheia de alegria pra você!

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  2. Obrigada pela força, Naná! É muito importante, pra mim, poder sentir o apoio da família!

    Fica orando por mim, tá? Eu te amo! Beijo!

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  3. O que mais me chamou atenção no texto foi sua sensibilidade em notar esse grande ato de amor. Geralmente as pessoas dão mais ênfase ao negativo que o positivo. Isso denota que vc é uma pessoa que tem muito amor pra dar.

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  4. Lindona, imagino sua emoção em presenciar essa cena, principalmente em se tratando de um idoso com tantos anos de casados, mas que continua galanteando sua amada. Sabe que teu pai é assim? Os quase 24 anos de casados tem nos ensinado a viver, a contornar as tensões normais de todo relacionamento e a nos tornar mais dependente um do outro. A velhice e os anos de tanta cumplicidade faz isso, e é muito, muito bom! Amei seu texto! Te amo cada dia mais! Deus te abençoe!

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