sexta-feira, 15 de abril de 2011

Um mês, dejá!

Hoje, dia 14 de abril, faz exatamente um mês que comecei a trabalhar. Fico impressionada como o tempo passa voando, principalmente quando temos os dias cheios, como é o meu caso.

Parece que foi ontem que cheguei aqui no restaurante, carregando um monte de mala e super ansiosa pra começar essa nova jornada. Não tenho palavras pra descrever o quanto me sinto realizada em ter vindo pra cá.

Tenho crescido muito tanto profissionalmente quanto pessoalmente. Coloco em prática todos os dias o que aprendi na Castelli e fico lembrando do quanto todas as aulas que tive – tá, não todas, mas a grande maioria – foram importantes, mas muitas vezes nem dava bola.

Além do mais, quando moramos num lugar onde temos tudo o que precisamos dado nas mãos, tudo fica mais fácil e cômodo. Como aqui eu não tenho papai nem mamãe me mimando, me fazendo carinho e me bajulando o tempo todo, tive que me adaptar na marra a não ser mais o centro das atenções – e isso não é nada fácil, creia-me.

Depois desse último mês, já noto algumas diferenças em mim, me sinto mais segura pra falar com o chef, fiquei mais independente e vou pra todo canto sozinha (tá, tudo bem, aqui é uma vila e nada de mais pode acontecer, mas, de qualquer forma, para uma menina que o pai nunca deixou andar de ônibus, andar de bicicleta até o centro da cidade já é um progresso e tanto).

Chego no serviço pela manhã e já nem preciso mais esperar a maître chegar, porque já sei tudo o que devo fazer. Fora isso, apesar de não ser elogiada aqui, sei que faço um bom trabalho. Dá pra saber quando estão felizes com o nosso desempenho.

Não faz parte da cultura francesa elogiar, porque aqui, fazer o trabalho bem feito é pura obrigação do funcionário. Apesar de parecer algo ríspido e muita gente criticar, de certa forma eu entendo perfeitamente o ponto de vista deles, afinal, eu não tô trabalhando de graça, tô recebendo pra isso, então o mínimo que posso fazer é fazer o meu trabalho bem feito.

Anyways, o Patrick, o outro maître do restaurante, me ensinou a utilizar uma planilha em papel que fica na cozinha, numa mesa próxima ao chef. Nessa planilha tem o nome de todos os pratos e um espaço para colocarmos o número da mesa e a quantidade de pessoas nela.

O número da mesa é escrito no papel por ordem de chegada do cliente (ou ordem de escolha do menu). Conforme o prato for saindo pra essa mesa, o nome dele é riscado na planilha. Completamente riscado. Quando o prato tá prestes a sair, o chef coloca só um tracinho na diagonal, assim nós sabemos que o prato que está na cozinha, já está quase saindo para tal mesa.

Anyways, não sei se expliquei direito, mas foi perfeito terem me explicado isso, porque agora a probabilidade do chef gritar comigo diminuiu em 50%, já que eu posso saber pra onde o prato vai antes mesmo de ele me dizer. YAY!

Ah, enfim, comentei da planilha só pra dizer que hoje eu a usei pela primeira vez e consegui entender tudo direitinho! Até falei o número da mesa uma vez pro chef. Preciso dizer que fiquei radiantemente feliz? Não, acho que não preciso.

Trabalhei hoje das 9h às 16h20 e das 18h30 às 23h. O dia foi maravilhoso. Só em eu ter lido a planilha hoje pela primeira vez e corretamente, já fez com que todo o dia ficasse perfeito. Lembro até do prato. Falei pro chef: “Quatre marées pour la 20A”, aí ele olhou pra mim, sério como de costume, e disse “c’est ça. On y va.”.

Saí da cozinha pro salão com um sorriso de uma orelha a outra.

Bom, fora essa parte do trabalho, nesse mês tive o privilégio de me aproximar mais de pessoas maravilhosas, além de conviver e aprender com excelentes profissionais: Chef, Yoshico, Nasser, Christelle, Patrick, Serge, Valer, Jean-Jacques, Marine, Julien, Yohann, Armand, Michel, Mathieu Schmitt e Mathieu Pouzon, Jen, Alejandro, Fabi e, principalmente, Madame Cathy, que tem um sorriso lindo, um cabelo perfeito, uma elegância invejável, uma classe sem igual e um jeito de receber os clientes que ninguém mais tem.

Essas pessoas tem sido grandes mestres para mim.

Acima de tudo, o que mais me alegra nesse estágio é ter me aproximado mais de Deus, ou melhor, me reaproximado, porque o meu orgulho cego me fez me afastar dEle, mas Deus, com sua infinita misericórdia, nunca me abandonou. Ele esteve sempre aqui ao meu lado, como agora, enquanto escrevo.
                                                       
“Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” Efésios 5:20

Um comentário:

  1. Fiquei profundamente emocionada enquanto lia o seu relato. Acompanhar seu crescimento profissional e espiritual, mesmo tão distante, é motivo de muitas graças. Sou uma mãe muito abençoada por Deus, não só porque você tem procurado fazer as coisas direito, mas porque está sendo treinada para enfrentar desafios e problemas, que com certeza acontecerão. Deus será sempre o seu auxílio e que Ele continue lhe abençoando! Te amo muito!

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